quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Adeus ao gênio Steve Jobs

Lembro de quando eu estava me recuperando de uma "pancreatite" adquirida em minha infância. Quando olhava pela janela do hospital e sentia falta da vitalidade que transbordava para um lugar tão distante de "meu mundo". Recordo às noites que chorava sozinho pensando no incógnito de minha recuperação, na tão insuportada condição que me lançava nas mãos da medicina; um sentimento de impotência em mudar algo para além das possibilidades humanas. E isso ocorrera ainda nos meus dias de criança, onde havia tudo de novo lá fora, do outro lado da janela.
Aquela janela de hospital simbolizava para mim a grande muralha que me impedia de viver, um grande oceano, instransponível e inacessível.
Mas a cura chegou, e pude então sair daquele ambiente depois de uns dez dias de isolamento naquele quarto.
Agora podia tentar esquecer as bolachas maizena com chá, a sopa rala e sem sabor.
A plenitude dos dias já me era acessível. O sabor da vida já aguçava o meu paladar. Meus olhos já não eram limitados às quatro paredes brancas, sem cores, sem vida. Já ouvia o barulho do cotidiano, movimento, novos aromas, novos sons - o aguçamento dos sentidos e a possibilidade de existir e significar.
Hoje partiu um ícone da humanidade que soube fazer a diferença, mesmo em meio a um forte inimigo, o câncer no pâncreas. Steve Jobs lutou durante 7 anos contra este astuto inimigo, sempre com a mais pura esperança, inovando, causando impacto em um sistema vicioso e indiferente...
Provavelmente pelo fato de eu passar alguns momentos à mercê desta doença grave, me sinta mais próximo deste ser humano que partiu hoje. Mas, à despeito de tal, rendo graças à Deus por tê-lo capacitado a mostrar às pessoas que nem tudo está perdido. Há ainda esperança enquanto houver fôlego.
Eis um trecho de uma matéria divulgada pela EFE, agência de notícias:


A chamada ao inconformismo e a importância da morte para dar passagem ao novo, ideias defendidas por Steve Jobs em seu discurso na Universidade de Stanford, se transformam no testamento vital do fundador da Apple e são relembradas nesta quinta-feira nas páginas da internet.
Steve Jobs pronunciou o discurso em 2005, durante cerimônia de graduação da Universidade de Stanford, quando achava que seu câncer no pâncreas estava curado.
Na ocasião, ele relembrou sua origem de 'menino não desejado' que foi entregue à adoção, e que apesar do esforço de seus pais adotivos, não terminou a universidade: 'uma das melhores decisões que tomei', disse Jobs.
De acordo com ele, o melhor que aconteceu em sua vida foi ser demitido da Apple, a empresa que fundou: 'me libertou para entrar em um dos períodos mais criativos da minha vida', e então criou a NeXT e a Pixar, e quando a Apple comprou a NeXT ele retornou à empresa.
No discurso, Jobs disse que a despedida da Apple foi 'um remédio amargo, mas que o paciente precisava... estou convencido de que a única coisa que me permitiu continuar foi que eu amava o que fazia'.
Um terço da sua fala foi sobre o enfrentamento com a morte após ser diagnosticado com um câncer de pâncreas: 'ninguém quer morrer', mas 'é o agente de mudança da vida. Elimina o velho para dar passagem ao novo', disse.
Jobs ressaltou que o tempo tem limite, 'não o percam vivendo a vida de outra pessoa'. E acrescentou: 'não permitam que o barulho das opiniões alheias silencie sua própria voz interior. E mais importante ainda, tenham a coragem de seguir seu coração e intuição... tudo o demais é secundário'.
Seu discurso termina com algumas palavras lembrando a última edição da publicação 'The Whole Earth Catalog': 'permaneçam famintos. Permaneçam descabelados'.
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