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terça-feira, 21 de junho de 2011

Resenha - Gênesis, genealogias, gêneros e o gênio

Pensar é, antes de tudo, saber perguntar. Quem sabe o que pergunta? Quem pergunta o que sabe? O que significa perguntar pelo que se sabe? Que significa saber perguntar o que ainda não se sabe? Por que perguntar quando, talvez, a resposta seja impossível ou sempre imprecisa? Perguntar, eis a questão! O filósofo Jacques Derrida foi um mestre nisso. Em “Gêneses, genealogias, gêneros e o gênio”, este pequeno livro de grandes questões, ele parte de uma pergunta absolutamente simples e desconcertante: “Um gênio, o que é?”, “o que dizer do gênio?”. Fácil, não? A resposta pode ser inacreditavelmente complexa e deliciosamente trabalhada como texto que se faz perguntando e avança tentando dar respostas ao que nunca cessa de questionar. 

Derrida foi um dos pensadores mais livres do seu tempo de influência sobre os imaginários filosóficos ocidentais, a segunda metade do século XX, uma época de decadência dos intelectuais, convertidos, na maioria, à docilidade das respostas prontas e das questões essenciais silenciadas. Através da interrogação, “um gênio, o que é?”, na verdade, Derrida interpela o leitor, provoca-o, incita-o, leva-o por caminhos nada lineares a perguntar-se: pensar, o que é? O que dizer do pensamento?; Derrida propõe uma “desconstrução”, esboça uma genealogia de um gênero. Não fala de si. Ao contrário. Fala de outro. Mas não seria absurdo rotular o seu texto de autobiográfico. Afinal, a questão, “um gênio, o que é?”.
(Ed. Sulina, 96p.)