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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cristo de Madeira ou de Concreto



Há muito sou visitante das “sinagogas pós-modernas”; digo isto porque ainda ouço alguém dizer: “bem vindos à casa de Deus!”.

Não consigo concordar com esta frase. Arrisco-me dizer que este vive um cristianismo de madeira ou de concreto; que só encontra a amizade, a paz, a generosidade aos sábados e domingos. Não consegue enxergar que a morada de Deus é no seu dia a dia, na sua alma, habitat perfeito e incorruptível, construído por Jesus Cristo há dois milênios.

Nos templos vivem uma contextualização cronicamente inviável ao cristianismo bíblico. Muito se clama dos púlpitos frases sepulcrais, oriundas da mais obscura e confusa intencionalidade, clamando: “sentados na praça: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não chorastes...” (Evangelho de Lucas, 7:32).

Bons tempos aqueles que ainda se dizia: “Voz do que clama no deserto”, pois hoje, nem mesmo aquele que dizia ter o espírito do profeta Elias seria ouvido por muitos dos que se assentam nesses templos que mais se parecem sarcófagos.

Há uma sociedade cansada de ser dominada por governos corruptos, mal intencionados; desiludida dos sistemas de crenças que só fazem acrescentar dor, pânico, repreensão, humilhação e menosprezo...e, se não bastasse, acrescentados a esses dissabores, uma pitadinha de fábulas que entorpecem a consciência dos que os aplaudem, iludidos em suas vãs esperanças.

Não me refiro somente à corrupção por parte daqueles que roubam o dinheiro para benefício próprio, mas àqueles que, com cinismo disfarçado de “justiça divina” roubam o tempo das pessoas que, com boa intenção nos corações, vão em busca de algo que lhes traga um refrigério na alma; mas são fatalmente enganadas, mentalmente corrompidas.

Se nos intitulamos “espirituais”, porque ficamos a divagar sobre “ninharias”, tentando transformar tudo e todos em mercadoria barata? Se realmente acreditamos que somos cristãos, porque não alimentamos um pouco do corpo, muito da alma e muitíssimo das coisas lá do alto? Porque permanecermos num dilema agostiniano, tentando massacrar a alma, oferecendo sacrifícios tolos, adiando a sublimação da existência, torturando o coração e os sentimentos, e enganando a própria consciência, acreditando que o verdadeiro prazer consiste em torturar a alma? Onde chegaremos com tamanha demagogia?

Nas praças desfilam o infortúnio das almas penadas, dos espíritos impotentes, vivendo a embriaguez da razão, do sentimento; seres que já não mais buscam respostas, mas desperdiçaram o último fôlego da esperança. Apenas vivem as intempéries do dia a dia. Enquanto isso, as instituições ostentam sua “onipotência”, seu discurso de pseudo-justiça, onde a fidelidade a Deus se baseia na construção de mais uma torre de Babel, erguendo estandartes absurdos de uma verticalidade egoísta, sustentada no embrutecimento do sentimento de misericórdia aos fracos, aos menores, aos vagantes solitários... Pergunto: onde se escondeu a justiça dos santos? Onde queremos chegar com tamanha hipocrisia? Será mesmo necessária a força da persuasão para rasgarmos o véu que encobre nossa percepção da obra redentora do Cristo Vivo? Será necessário que se pregue palavras intangíveis aos quatro ventos, numa “sociedade do espetáculo”, como diria Guy Debord? Quem realmente somos, neste espetáculo das vaidades desumanas? Somos mais felizes que aqueles que viveram tempos antigos, sem tecnologia, sem adereços ou requintes perecíveis?

Instituem-se púlpitos numa arquitetônica visibilidade. Adora-se o Grande discurso do demagogo; esforça-se para comprar o bilhete do Grande Espetáculo, o espetáculo do sucesso que apregoa a dominação mútua entre homens, enchafurdados numa viciosa alienação. Lugar onde o “penso logo existo” já não existe mais, transferindo-se para o sinto, logo existo; intoxicando a razão, roubando a essência do senso de solidariedade da raça, transformando-nos em protótipos de “big Brothers” (não o da Rede Globo, mas o de George Orwell).

O espírito do nosso tempo é realmente perspicaz e astuto. Será que venceremos as ilusões de nossa consciência? Até quando nos sentiremos seguros em nosso próprio mundo egocêntrico e mesquinho? Até onde gostaríamos de chegar nas nossas débeis vanglórias?  Até quando ficaremos inventando inimigos imaginários sem saber que o inimigo, muitas vezes, somos nós mesmos? É hora de descermos um pouco, de propagarmos o respeito e não a uniformidade cega e desprovida de realidade; de não mais julgarmos a humanidade, e sim nossas próprias misérias, nosso sacrifício sem lógica, sem consciência. Deus não se deixa enganar, mas conhece todos os nossos sentimentos. Enquanto se propaga um clamor pelo avivamento, clamemos pelo despertamento! A nossa fala que não se traduz em ação, empobrece-nos em todos os sentidos. Acordemos desse transe insano; enxerguemos o próximo, não como um instinto judaizante e exclusivista, mas sentindo as diferenças, amando a essência de cada ser, saindo desse baile à fantasia. Tiremos a máscara do partidarismo astuto, abdiquemos de nossa guerra santa, descendo para ver o que há no subsolo da torre de vigia que construímos para fantasiar a falsa segurança das parcas precauções.

Martin Luther King Jr., pastor batista e ícone de uma geração refletiu: “Em decepção profunda, chorei pela frouxidão da igreja. Houve um tempo em que a igreja era bastante poderosa – no tempo em que os primeiros cristãos regozijavam-se por ser considerados dignos
de ter sofrido por aquilo em que acreditavam. Naqueles dias, a igreja não era apenas um termômetro que registrava as idéias e princípios da opinião pública; era um termostato que transformava os costumes da sociedade. Quando os primeiros cristãos entravam em uma cidade, as pessoas no poder ficavam transtornadas e imediatamente buscavam condenar os cristãos por serem “perturbadores da paz” e “forasteiros agitadores
”. Mas os cristãos prosseguiam, com a convicção de que eram “uma colônia do céu”, que devia obediência a Deus e não ao homem. Pequenos em número, eram grandes em compromisso. Eles eram intoxicados demais por Deus para serem “astronomicamente intimidados”. Com seu esforço e exemplo, puseram um fim em maldades antigas como o infanticídio e duelos de gladiadores. As coisas são diferentes agora. Com tanta frequência a igreja contemporânea é uma voz fraca, ineficaz com um som incerto. Com tanta frequência é uma arquidefensora do status quo. Longe de se sentir transtornada pela presença da igreja, a estrutura do poder da comunidade normal é confortada pela sanção silenciosa – e com frequência sonora – da igreja das coisas tais como são. Mas o julgamento de Deus pesa sobre a igreja como nunca pesou. Se a igreja atual não recuperar o espírito de sacrifício da igreja primitiva, perderá sua autenticidade, será privada da lealdade de milhões e será descartada como um clube social irrelevante com nenhum significado..."

Trechos da *Carta de uma prisão em Birmingham*
No fim das contas, a mesma velha indagação voltará à tona: Será que existe alguma dignidade no pó e nas cinzas?
Precisamos urgentemente tirar esse sorriso amarelo do rosto, acordarmos para a realidade, encurtarmos a distância da consciência de nossas fraquezas e ouvir o que o Espírito diz à igreja, pois "... virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas". (2ª Epístola a Timóteo, 4:4).

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A COVINHA DA MENTIRA


A COVINHA DA MENTIRA

Andava meio distraído pela cidade, quando me deparei com um slogan de hotel que dizia: “Nessa feijoada o principal ingrediente é você!”. Parei, pensei: Ora, a frase pode resumir muito bem o contexto da nossa política tupiniquim*. Vejam só; podemos extrair daí o seguinte raciocínio: ou eles estão nos chamando de porcos, ou eles estão querendo nos comer!

Contrariando a wikipedia, quanto ao termo "tupiniquin" utilizado aqui (risos à parte), peço  desculpas aos leitores pela ironia, pois é necessária para expressar o que realmente quero dizer.

Outro dia conversava com uma querida professora psicóloga, que tanto admiro por seu trabalho. Ela me falou que é muito fácil discernir as mentiras de seu esposo. Ela presta atenção no rosto dele e, quando aparece uma covinha ao redor dos lábios dele, sabe então que se trata de uma mentirinha.

Isso pode ser também comprovado cientificamente, pois na última segunda feira o programa jornalístico CQC fez uma matéria sobre a psicologia da mentira, onde diversas pessoas eram entrevistadas por um profissional que dizia acertadamente quando elas falavam a verdade ou a mentira, baseando-se na referida "covinha"...

Penso que as mulheres são muito mais “assertivas” que nós homens, pelo menos especificamente neste assunto. Não consigo mentir para minha esposa. Não sei se se trata daquele “sexto sentido” das mulheres, ou que ela consegue ler os meus pensamentos ou, ainda, que ela me observa de tal maneira,  conseguindo discernir a minha expressão facial. Bom, deixa pra lá... O que eu quero mesmo dizer é se todos os  brasileiros tivessem a capacidade de localizar nos políticos a “covinha da mentira” ou terem o “sexto sentido” das mulheres, muitas vezes deixariam de acreditar nesse saco de mentiras que nos são descaradamente apresentados a cada campanha eleitoral.

Tentamos compreender a sociologia política, nos esforçando como cidadãos interessados no desenvolvimento humano da nação, mas o que nos sensibiliza são, entrementes, fatores psico-pragmáticos que teimam colocar em xeque ou até mesmo invalidar as teorias, induzindo nossa atenção para a prática, ou seja, para a psicologia do estudo da política.

Difícil é saber até que ponto a teoria ampara a prática, ou vice-versa; não sabemos até que ponto ignoramos a “covinha da mentira” da política ou se preferimos o comodismo à mudanças. Há uma frase: “...quem não desenrola tem medo da responsabilidade”.  Então vivemos enrolados, envoltos numa democracia enlatada e enlutada, ao estilo do feudalismo, onde o poder se concentra nas mãos de poucos que são admirados pela facilidade em contar mentirinhas para os muitos que lhes dão suporte.

É como diz a canção da Legião Urbana:

Sexo verbal
Não faz meu estilo
Palavras são erros
E os erros são seus...

Não quero lembrar
Que eu erro também
Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também...
Eu sei! Eu sei!...


E, “enquanto isso, na Sala de Justiça”, os nossos heróis deitam e rolam e riem, cada vez mais alto, da nossa conivência estúpida e estática. Transformarão tudo numa feijoada enlatada, enquanto nós, aqui, permaneçamos deitados eternamente na "cova da mentira"?

* Tupiniquin: são um grupo indígena brasileiro, pertencentes à nação Tupi e que habitam o território atual do município de Aracruz, no norte do Espírito Santo.No uso comum, "tupiniquim" também tem sido usado (embora erroneamente) como metonímia de Brasil ou brasileiro em geral.
Nesse caso, "tupiniquim" é utilizado pelos brasileiros de forma pejorativa em relação a eles próprios e sua mentalidade, significando "pobre, de araque, de terceira categoria", como já denominou Diogo Mainardi.
(retirado da Wikipedia)

Por Eder Silva, 16 jun 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Salário de trabalhador: Contra-cheque ou contra-choque?

Em tonalidades irônicas, e na condição de outsider, ou seja, como alguém que vê a situação de fora, aflijo-me com a situação complexa, para não dizer precária na qual encontra-se a sociedade tupiniquim.

É lamentável um país com tanta riqueza natural e cultural, mas cujos habitantes vivem à mercê de uma política truculenta, um sistema engajado em tornar o povo alienado, mal instruído, enganado por propostas meticulosamente mentirosas, e uma pseudo-democracia já falida há muito...

Infelizmente, muitos brasileiros apreciam o "anti-herói", o político falastrão que vive contando fábulas enquanto o povo fica a dançar nas praças. Pura inversão de valores, o povo torcendo para o malicioso se dar bem! É o mesmo quando a torcida destina-se para que frajola devore o piu-piu; é o mesmo quando se aplaude a gangue de velozes e furiosos escapando da polícia e se dando bem, como "malandros agulha"!  

A situação assemelha-se a alienação contida no livro 1984, de George Orwell, em que a novilíngua, o ministério da verdade, são responsáveis pela distorção de informações.

Tenho saudades dos tempos da série "Anjos da Lei", que conscientizava jovens a suprimir ou amenizar o processo de alienação da juventude, combatendo a criminalidade eficientemente, isto é, cortando o mal na raiz!

Mas no contexto atual, o que resta é um partido político cujos candidatos são pessoas sem credenciais para a função política (andarilhos, palhaços, pedintes, sindicalistas, etc), que inescrupulosamente seus eleitores de "idiotas", pois este termo, cunhado na Antiga Grécia, referia-se àqueles que não participavam da "polis", mas preferiam o conforto da família à formação de ideais políticos visando a justiça social.

Me pergunto, "que país é este"? E inevitavelmente a resposta vem à tona: "...o Brasil é o país do futuro"...

Que o pronunciamento corajoso da professora Amanda Gurgel, do RN, não seja apenas uma voz perdida no deserto, mas a fagulha inicial expressando a indignação para com uma mentalidade política que precisa urgentemente ser rejeitada e extirpada da cartilha dos orçamentos públicos.