terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tributo a um amigo


Sou daqueles que ainda usa de saudosismo e de algum senso nostálgico para render homenagem a um amigo querido.
Nestas linhas utilizo-me do mais puro e sincero respeito a alguém que, durante aproximadamente 15 anos, compartilhou ricos momentos diante de mim e de meus familiares.
A você, amigo Darci, que há um mês o Senhor te chamou para junto de Si, dedico essas linhas singelas, mas, sobretudo, sinceras.
O que ficou para nós foi tua lembrança, tuas maneiras de nos abençoar nos momentos bons e momentos difíceis, com seus "causos", suas piadas, sua maneira mansa e humilde de se expressar.
À você dedico meu sincero respeito, meu abraço na tua grande alma, que hoje contempla a glória do Bondoso Deus, ao lado de Jesus Cristo, nosso eterno salvador.
Hoje findou meu luto, ou seja, um propósito que fiz de nada publicar durante um mês; uma maneira de materializar minha homenagem à ti, nobre amigo. Neste mesmo horário, há um mês, o Senhor achou por bem te chamar para a eternidade junto à Ele. Portanto, rendo gratidão à Deus por ter concedido o privilégio de te conhecer bem, conhecer teus familiares e travarmos, durante estes 15 anos, uma amizade sincera, longanima e pura.
Que o Senhor o tenha na eternidade, até nosso próximo encontro!
Para a família enlutada e aos amigos próximos, dedico esta bela canção, no intuito de traduzir a minha esperança e meus votos à você, companheiro de estrada.
Sinceramente,
Eder

domingo, 17 de julho de 2011

Um pouco de Contra-cultura (para ler, ouvir e cantar)

Livro: "LEONARD COHEN - O Eterno Regresso", por Marc Hendrickx
Foi lançado em Portugal pela editora Guerra e Paz esta biografia da vida de um dos maiores ícones da música e poesia canadense.
Aqui no Brasil muito pouco se conhece da extensa obra deste grande artista de origem judaico-canadense. Mas em outros horizontes, artistas como R.E.M., BON JOVI, BONO VOX, STING, PIXIES, NICK CAVE, ELTON JOHN, TRISHA YEARWOOD, KATE VOEGELE, TORI AMOS, PETER GABRIEL, SUZANE VEGA, WILLIE NELSON, LLOYD COLE, entre outros, fizeram músicas em seu tributo.
Suas músicas "If it be your will" e "Everybody Knows" tiveram forte influência no filme "Um Som Diferente", estrelado por Christian Slater, na década de 1990. Também algumas de suas músicas fizeram parte da trilha sonora do filme "Assassinos por Natureza", e "Shrek" (Hallelujah).
Como escritor, há uma novela "The favourite Game", escrita em 1963, e que foi transmitida em 2003 em uma emissora Canadense. Também há outros livros, como "Let us compare mitologyes" (não traduzido para o português), e "Beautiful Losers" (Belos Vencidos), trazudido pela editora portuguesa Relógio D'água e o livro de poesias Energy of Slaves, entre outros muitos.
Quanto as suas principais canções, uma delas é "Suzanne", que não se refere à sua companheira Suzanne Elrod, que com ele teve um casal de filhos, Adam (nascido em 1972) e Lorca (1974), mas se refere a Suzanne Verdal, a esposa de seu amigo escultor canadense Armand Vaillancourt. A canção na qual Suzanne Elrod inspirou Cohen a compor foi "My Gipsys Wife", e o poema "The dark Lady".
Na década de 1960/70 teve um romance com a cantora Marianne Faithfull, o qual inspirou a canção "So long, Marianne".
Em meados de 1990 retira-se da vida pública, após seu relacionamento com a atriz Rebeca De Mornay, isolando-se no monastério zen-budista Mount Baldy, na Califórnia.
Nascido em 21/09/1934, Leonard Norman Cohen, com seus 77 anos, é tido pelos críticos literários como um escritor dotado de uma alta capacidade de composição em suas letras, um estílo literário extremamente voltado ao espiritual religioso, isolamento, sexualidade e relações interpessoais nesses 50 anos de carreira.

Transcrevo aqui a nota bibliográfica e fragmentos deste excelente eterno regresso:

Nota:
"Este é um livro muito especial em que Marc Hendrickx confronta o leitor com a obra do incontornável cantor e poeta judaico-canadiano Leonard Cohen. Muito longe de ser uma biografia, aqui o autor procura, através de um registo intimista, as respostas para questões sobre o Homem, a felicidade, a tomada de consciência, a fé, o objectivo de vida, o amor, a velhice e a morte. Esse processo é simultâneo com a abertura de horizontes sobre a vida do artista que homenageia, abarcando fases como a sua passagem pelas ilhas gregas ou pelo mosteiro zen da Califórnia onde Cohen se refugiou por diversas vezes. Sem esquecer a sua fama internacional, este livro devolve–nos a perspectiva de um legado que se corporiza num perpétuo regresso."

Trecho:
"A meio do percurso da minha vida, dei por mim num bosque sombrio.» Poderia ter sido uma citação. Contudo, hoje, mais de setenta anos depois de Leonard Norman Cohen ter soltado o seu primeiro grito neste mundo, o poeta profético que cura olha para trás com brandura. A sua divina comédia está quase terminada. O seu humilde servo, leitor, pelo contrário, ainda só chegou à orla da escura floresta."


Para saber mais sobre o Leonard Cohen, há documentários narrando algumas fases da carreira e vida deste poeta, cantor e escritor:



Ladies and Gentlemen...Mr. Leonard Cohen
(Canada, 1965)





 Portrait, Spring 96
(relato sobre a vida no mosteiro)




I'm Your Man (2007)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Resenha: NA NATUREZA SELVAGEM

Conhecendo a história de Chris McCandless, arrisco-me citar uma frase de Schiller: "Quem não se arrisca para além da realidade jamais conquistará a verdade."

"Eu queria movimento e não um curso calmo de existência. Queria excitação e perigo e a oportunidade de sacrificar-me por meu amor. Sentia em mim uma superabundância de energia que não encontrava escoadouro em nossa vida tranquila." (Leon Tolstoi, em "Felicidade Familiar")

É nesse ritmo que começa a saga de Chris McCandless numa investida às mais íntimas e ousadas tentativas de um homem encontrar-se consigo mesmo, em detrimento a um mundo que beira à esquizofrenia coletiva, e uma nítida falta de sentido para as realizações pessoas. 

A trajetória de Chris McCandless rumo ao Oeste, com destino final Alasca, ou seja, uma odisséia rumo ao desconhecido, trilhando a essência do humano com a natureza selvagem, é apresentada num livro biográfico escrito por Jon Krakauer e depois reproduzido no cinema.

Vejo nas linhas do livro, nas imagens do filme e na beleza intrínseca da trilha sonora composta por Eddie Vedder, a vida que percorrendo a trajetória de cada um de nós. Os anseios, os temores, as grandes lacunas de nossa memória, enfim, palavras e ações que se combinam, arrebatando o espírito cansado da vida falsamente segura, ancorada nos valores impostos por uma sociedade decadente e descontente.

"...o deserto é o ambiente da revelação, estranho genética e fisiologicamente, sensorialmente austero, esteticamente abstrato, historicamente hostil. [...] O céu do deserto é abarcante, majestoso, terrível. [...] Ao deserto vão profetas e eremitas; pelo deserto cruzam peregrinos e exilados. Aqui, os líderes das grandes religiões buscaram os valores terapêuticos e espirituais do retiro, não para fugir da realidade, mas para encontrá-la." (Paul Shepard em "Homem na paisagem: Uma visão histórica da estética da natureza").

Seguimos a aventura de Chris McCandless, ou melhor, Alexander Supertramp (super andarilho), emocionando-nos com a austeridade das paisagens. Observamos um deserto aguçando a doce dor de sua aspiração, amplificando-a, dando forma a ela em uma geologia ressequida e puro raio de luz. 

McCandless estava solitário, vivo na natureza selvagem, procurando se desligar dos emblemas metafísicos, procurando se embrenhar no coração da vida. "Estava sozinho no meio de um ermo de ar bravio, entre águas salobras, entre a colheita marítima de conchas, entre claridades cinzentas embaçadas".

Rumou por lugares como Orick, Pistol River, Coos Bay, Seal Rock, Manzanita, Astoria; Hoquiam, Humptulips, Queets; Forks, Port Angeles, Port Townsend, Seattle, Willow Creek, Topock, México, Los Angeles, Detrital Wash, lugarejos do Colorado, Golfo da California, Las Vegas, Bullhead City, Niland, Anza-Borrego, Cartago (em Dakota do Sul), Fairbanks, Yukon, e por fim, o Alasca e sua neve persuasivamente mortal...

"...Não havia ninguém por perto, nem família nem pessoas cujo julgamento respeitasse. Em tal momento, sentia a necessidade de dedicar-te a algo absoluto - vida, verdade, beleza -, de ser regido por isso, em lugar das regras feitas pelos homens que tinham sido descartadas. Precisavas render-te a um tal objetivo último de modo mais pleno, mais sem reservas do que jamais fizeras nos velhos dias familiares e tranquilos, na velha vida que estava agora abolida e abandonada para sempre."
(BORIS PASTERNACK, em "Doutor Jivago")

Cansado da sociedade que lhe roubava, sorrateiramente, sua juventude, sua pureza intuitiva, sua vivacidade embrenhada nos valores "mais nobres" (grifo nosso), se comparados aos valores fast food que o stablishment nos oferece, o jovem outsider buscava "Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa em que a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas faltavam sinceridade e verdade e fui-me embora do recinto inóspito, sentindo fome. A hospitalidade era fria como os sorvetes." (THOREAU, em "Walden ou A vida nos bosques").
Trechos sublinhados em livros encontrados com os restos de Chris McCandless.


Ao passo que seguia sempre em frente, na sua caminhada pelas sombrias, fantásticas e exóticas paisagens, McCandless também percorria pelas ideologias de pensadores como Tolstoi, Jack London, Boris Pasternack, Henry David Thoreau, Mark Twain, entre outras paradas literárias obrigatórias; aliás, obrigatória é uma palavra que Alex evitava ao máximo. É a palavra que o outsider procura despistar, desprezar, depreciar!

Mas McCandless buscava também a piedade. Acredita-se que ele não estabeleceu nenhum relacionamento sexual com mulher alguma. Um dos livros encontrados no ônibus, a seu lado, era "A sonata de Kreutzer", de TOLSTOI, no qual um nobre que se torna asceta denuncia "as exigências da carne" (grifo nosso). Também circulou várias passagens do capítulo sobre "Leis superiores" do livro Walden, de Thoreau. Uma das frases sublinhadas: "A castidade é o florescer do homem; e o que se chama de gênio, heroísmo, santidade e coisas semelhantes são simplesmente fruto dela".

A despeito deste pensamento, nós somos excitados pelo sexo, obcecados por ele, horrorizados com ele. Quando uma pessoa claramente sadia, em especial um rapaz sadio, escolhe abster-se das tentações do sexo, isso nos choca e nos torna maliciosos. E levantam-se suspeitas. Sua ambivalência em relação ao sexo é semelhante à de gente célebre que abraçou a vida selvagem com paixão sincera - principalmente Thoreau (que foi virgem a vida inteira) e o naturalista John Muir - , para não falar dos incontáveis peregrinos, desajustados e aventureiros menos conhecidos. [...] McCandles parece ter sido impulsionado por um tipo de luxúria que superava o desejo sexual. Ele foi essencialmente atraído para uma comunhão com a natureza, para o Norte ou Oete, para o Alasca. Mas isso não o impedia de ser atencioso e amável para com as pessoas. Se interessava bastante nos sentimentos delas, se envolvia de maneira voluntária e desinteresseira.

Mas foi com um amigo veterano, Ron Franz, que McCandles absorveu o sentido da felicidade, cujo real significado é o "compartilhar". No filme, este capítulo se chama "A Sabedoria".
No seu íntimo, McCandles sabia que a felicidade não era possível de se conseguir na solidão, mas rumou mesmo assim, o caminhante solitário, até o derradeiro refluxo de sua memória familiar, onde, lá no Alasca, perto de sua morte por inanição, nos seus últimos dias, lera e fizera marcações sublinhadas com estrelas e colchetes no livro "O doutor Jivago", de Pasternack: "Oh, como se deseja às vezes escapar da estupidez sem sentido da eloqüência humana, de todas aquelas frases sublimes, para se refugiar na natureza, aparentemente tão inarticulada, ou na ausência de palavras da labuta longa e pesada, do sono saudável, da verdadeira música, ou de uma compreensão humana tornada muda pela emoção!"
McCandless escreveu em negrito acima do texto "NATUREZA/PUREZA", e circulou no texto onde dizia "refugiar na natureza" com tinta preta. Ao lado de "E assim se concluiu que somente uma vida semelhante à vida daqueles ao nosso redor, mesclando-se a ela sem murmúrio, é vida genuína, e que uma felicidade não compartilhada não é felicidade. [...] e isso era o mais perturbador de tudo", ele escreveu: "FELICIDADE SÓ REAL QUANDO COMPARTILHADA".

Podemos assim, indutivamente, pensar que essas últimas palavras sejam sinais de que McCandless estava preparado para retornar à sociedade, com o coração destravado, não mais como solitário andarilho, mas preparado a confrontar e ser confrontado pelos eternos dilemas da raça humana. Mas isso é uma suposição, pois "Doutor Jivago foi o último livro que leu".


"Dormimos ao som do realejo; acordamos, se alguma vez acordamos, ao silêncio de Deus. E então, quando acordamos para as praias profundas do tempo aniquilado, então quando a escuridão deslumbrante rompe por sobre as encostas longínquas do tempo, então é tempo para atirar ao ar coisas, como nossa razão e nossa vontade; então é tempo de quebrar nossos pescoços correndo para casa. Não há acontecimentos, mas pensamentos e o bater inflexível do coração, o aprendizado lento do coração de onde amar e a quem. O resto é pura conversa fiada e histórias da carochinha."
(ANNIE DILLARD, em "Santa Firma")

A beleza da história de McCandles se reflete na busca sincera pela essência da razão do ser, do sentido das coisas e afetos, dos diversos paradigmas que estão constantemente nos colocando em xeque-mate. É um mergulho no desconhecido da alma, no desconhecido das nossas limitações, o avanço à beleza inacessível, irrespondível, e instransponível àqueles que desejam apenas mornidão.

Quanto ao livro, as palavras de Jon Krakauer (autor do livro), fazem jus à maravilhosa história do garoto caminhante. Quanto ao filme, a beleza das paisagens nos leva a vislumbrar a pureza da natureza, a beleza multiforme da criação divina. Por fim, quanto às canções, refletem em nossa alma o impulso do outsider em sua busca para novos horizontes; a desintoxicação de uma sociedade fria e egolátrica.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Resenha - Gênesis, genealogias, gêneros e o gênio

Pensar é, antes de tudo, saber perguntar. Quem sabe o que pergunta? Quem pergunta o que sabe? O que significa perguntar pelo que se sabe? Que significa saber perguntar o que ainda não se sabe? Por que perguntar quando, talvez, a resposta seja impossível ou sempre imprecisa? Perguntar, eis a questão! O filósofo Jacques Derrida foi um mestre nisso. Em “Gêneses, genealogias, gêneros e o gênio”, este pequeno livro de grandes questões, ele parte de uma pergunta absolutamente simples e desconcertante: “Um gênio, o que é?”, “o que dizer do gênio?”. Fácil, não? A resposta pode ser inacreditavelmente complexa e deliciosamente trabalhada como texto que se faz perguntando e avança tentando dar respostas ao que nunca cessa de questionar. 

Derrida foi um dos pensadores mais livres do seu tempo de influência sobre os imaginários filosóficos ocidentais, a segunda metade do século XX, uma época de decadência dos intelectuais, convertidos, na maioria, à docilidade das respostas prontas e das questões essenciais silenciadas. Através da interrogação, “um gênio, o que é?”, na verdade, Derrida interpela o leitor, provoca-o, incita-o, leva-o por caminhos nada lineares a perguntar-se: pensar, o que é? O que dizer do pensamento?; Derrida propõe uma “desconstrução”, esboça uma genealogia de um gênero. Não fala de si. Ao contrário. Fala de outro. Mas não seria absurdo rotular o seu texto de autobiográfico. Afinal, a questão, “um gênio, o que é?”.
(Ed. Sulina, 96p.)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

FRUTO SAGRADO - O que na verdade somos

O Que Na Verdade Somos

Não há mais segredos pra esconder
Por que complicar a verdade?
Que adianta apontar o caminho
E seguir outra direção?
Quando mundo tenta nos enxergar,
Será que vê o que realmente somos?

Pra falar do amor
Tenho que aprender a repartir o pão
Chorar com os que choram
Me alegrar com os que cantam
Senão ninguém vai me ouvir...

Se a verdade é tão simples, onde erramos?
Ou o que deixamos de fazer?
Se não há mais segredos,
Por que complicamos?
Poucos entendem a verdade!
Pra fazer diferença não basta ser diferente
De que modo eu mudo a história?
Com discurso ou com ação?

Pra falar do amor,
tenho que aprender a repartir o pão
Chorar com os que choram
Me alegrar com os que cantam
Ninguém vai me ouvir sem amor...

O que na verdade somos?
O que você vê quando me vê?
Se o mundo ainda é mau
O culpado está diante do espelho!

O que na verdade somos?
O que você vê quando me vê?
Pra que serve a luz que não acende?
Não ilumina a escuridão

A COVINHA DA MENTIRA


A COVINHA DA MENTIRA

Andava meio distraído pela cidade, quando me deparei com um slogan de hotel que dizia: “Nessa feijoada o principal ingrediente é você!”. Parei, pensei: Ora, a frase pode resumir muito bem o contexto da nossa política tupiniquim*. Vejam só; podemos extrair daí o seguinte raciocínio: ou eles estão nos chamando de porcos, ou eles estão querendo nos comer!

Contrariando a wikipedia, quanto ao termo "tupiniquin" utilizado aqui (risos à parte), peço  desculpas aos leitores pela ironia, pois é necessária para expressar o que realmente quero dizer.

Outro dia conversava com uma querida professora psicóloga, que tanto admiro por seu trabalho. Ela me falou que é muito fácil discernir as mentiras de seu esposo. Ela presta atenção no rosto dele e, quando aparece uma covinha ao redor dos lábios dele, sabe então que se trata de uma mentirinha.

Isso pode ser também comprovado cientificamente, pois na última segunda feira o programa jornalístico CQC fez uma matéria sobre a psicologia da mentira, onde diversas pessoas eram entrevistadas por um profissional que dizia acertadamente quando elas falavam a verdade ou a mentira, baseando-se na referida "covinha"...

Penso que as mulheres são muito mais “assertivas” que nós homens, pelo menos especificamente neste assunto. Não consigo mentir para minha esposa. Não sei se se trata daquele “sexto sentido” das mulheres, ou que ela consegue ler os meus pensamentos ou, ainda, que ela me observa de tal maneira,  conseguindo discernir a minha expressão facial. Bom, deixa pra lá... O que eu quero mesmo dizer é se todos os  brasileiros tivessem a capacidade de localizar nos políticos a “covinha da mentira” ou terem o “sexto sentido” das mulheres, muitas vezes deixariam de acreditar nesse saco de mentiras que nos são descaradamente apresentados a cada campanha eleitoral.

Tentamos compreender a sociologia política, nos esforçando como cidadãos interessados no desenvolvimento humano da nação, mas o que nos sensibiliza são, entrementes, fatores psico-pragmáticos que teimam colocar em xeque ou até mesmo invalidar as teorias, induzindo nossa atenção para a prática, ou seja, para a psicologia do estudo da política.

Difícil é saber até que ponto a teoria ampara a prática, ou vice-versa; não sabemos até que ponto ignoramos a “covinha da mentira” da política ou se preferimos o comodismo à mudanças. Há uma frase: “...quem não desenrola tem medo da responsabilidade”.  Então vivemos enrolados, envoltos numa democracia enlatada e enlutada, ao estilo do feudalismo, onde o poder se concentra nas mãos de poucos que são admirados pela facilidade em contar mentirinhas para os muitos que lhes dão suporte.

É como diz a canção da Legião Urbana:

Sexo verbal
Não faz meu estilo
Palavras são erros
E os erros são seus...

Não quero lembrar
Que eu erro também
Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também...
Eu sei! Eu sei!...


E, “enquanto isso, na Sala de Justiça”, os nossos heróis deitam e rolam e riem, cada vez mais alto, da nossa conivência estúpida e estática. Transformarão tudo numa feijoada enlatada, enquanto nós, aqui, permaneçamos deitados eternamente na "cova da mentira"?

* Tupiniquin: são um grupo indígena brasileiro, pertencentes à nação Tupi e que habitam o território atual do município de Aracruz, no norte do Espírito Santo.No uso comum, "tupiniquim" também tem sido usado (embora erroneamente) como metonímia de Brasil ou brasileiro em geral.
Nesse caso, "tupiniquim" é utilizado pelos brasileiros de forma pejorativa em relação a eles próprios e sua mentalidade, significando "pobre, de araque, de terceira categoria", como já denominou Diogo Mainardi.
(retirado da Wikipedia)

Por Eder Silva, 16 jun 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

OUTONO DA NOSSA PAIXÃO

                          foto retirada de: www.orizamartins.com


OUTONO DA NOSSA PAIXÃO

(à amada Andréia)

Calem as rosas o estrugir de canhões
Tragam-nos sonhos, novamente
Que o suor de teu sacrifício brilhe eternamente
Tão intenso como as larvas de vulcões


E isto é a vida que se segue
É o fogo que se arde
É a ferida que se cura
É o pensamento que se derrama
É a poesia que se declama
É o coração que se inflama.


Pois, no fim, o que se diz?
senão que ser poeta
é ser uma alma inquieta!

(por Eder Silva, novembro de 2010)

SOCIOLOGIA DO DESAPEGO

                                            foto retirada de: http://www.softwarelivre.org

SOCIOLOGIA DO DESAPEGO

(Ao amigo James Jean Vidal)

Lembrei-me do poeta
Vociferando palavras inefáveis
Ao entendimento humano moribundo


Aos cegos que vivem tateando
As paredes do castelo amarelado.
Aí vai o seu brado:
Cresçam e apareçam!


O veneno que vocês produzem
aumentará a vaidade e toda sorte
de hipocrisia que vem estampada
na vossa alma mesquinha.


Achará algum bem
nesta terra encoberta
de trevas e caricaturas funestas?

(Eder Silva, 2 de dezembro de 2010)

terça-feira, 14 de junho de 2011

OS ADMIRÁVEIS HOMENS OCOS

                                                    foto retirada do blog: www.formiguinhadaterra.blogspot.com

OS ADMIRÁVEIS HOMENS OCOS

(ao amigo outsider Thiago Puglia)

Assim caminhemos tu e eu, caro Baudelaire
Nunca mais dor, nunca mais amor – bradou o corvo
O sol se levanta para o ingênuo e para o ladrão
... e cuspirá o seu fogo o grande dragão
E tragará todos os náufragos o Levietã
E impávida ressurgirá e Estrela da Manhã.
E as almas dos homens purificados brilharão
E as almas dos homens sujos se calarão
Desesperados e confusos se prostrarão.


Bradock  não poderá vos salvar
ficou seduzido pelas tietes em Saigon.
Demasiadamente nauseabundo Kerouac vos descreve
                             nas páginas soltas dos subterrâneos
                                onde lhes restará apenas lamentações.
 
Vagantes e vazios os admiráveis homens ocos
estão a me olhar, selvagens e loucos
suas almas já não têm mais serventia
servirão a um deus, fruto de poligamia.
 

Em uma vã religião
Seguindo cegamente para uma excentricidade doentia
Os cães ladram ao encontro de seus donos inúteis
Onde o domínio foi trocado por um prato de lentilha.

(por Eder Silva, abril de 2010)

A ESTRADA ILUMINADA


A ESTRADA ILUMINADA
(ao cunhado e professor Cleverson Martins de Souza)

No jardim secreto de minha alma
Onde habita cativo o pensamento
Navego desviando de trágico tormento
Na busca da água mais alva.

As ondas singram, brilhantes
Empurrando a memória em cadeias
Como o sangue que corre nas veias
Deixando o paladar e o perfume marcantes.
 
Assim somos e assim procedemos
No mais puro e mais pio percorremos
A caminhada nunca alcança o destino
O coração e a mente lutam, em desatino.
 
Só os passos marcam a ESTRADA
A areia identifica as pegadas
Daqueles que um dia pisaram este chão
Cobertos da LUZ e impávidos como trovão.

(por Eder Silva, 8 nov 2010)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

CANÇÃO DO EU ATROPELADO


CANÇÃO DO EU ATROPELADO
(a mim mesmo)

Sou todo ouro
Sou todo tolo
Só um pouquinho on the Road
             Papo de Kerouac
Mas não me mudo
Sou por acaso,
Tropeço em mim mesmo
              E me desfaço.

(por Eder Silva, nov/2009)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A DESCONCERTANTE FORMA DE SE PENSAR NO ABSTRATO

A coisa toda explodiu...
Explodiram-se as alavancas das inconveniências
                     O porvir das inquietações
                     O passar sigiloso dos pensamentos
                     O pulsar de toda nossa intimidade
Eclodiram-se as raízes das das percepções
O vaguear dos medos mais profundos
das almas
O retumbar dos lânguidos desejos
O faz de  contas  das  disfarçadas omissões
O olhar cadavérico d disfarçada hipocrisia
                   Da pureza se fez a paz
                   Da fome se fez a satisfação
                   Da insensatez se fez emoção
                   Do caos, a exatidão.
Tudo se fez nada,
A coisa toda e x p l o d i u...

terça-feira, 31 de maio de 2011

George Fox, o Outsider

Recortei aqui um trecho do livro de Colin Wilson visando demostrar mais algumas das características do Outsider.

"Como todos os Outsiders, Fox queria ser compreendido, queria alguém que olhasse dentro de sua alma e que, como um bálsamo, pusesse as coisas em ordem. E, como todos os Outsiders, teve de aprender a resolver sozinho o problema da sua salvação. É a lição mais difícil de todas, a de que há um inimigo último que cada homem e mulher carrega dentro de si e que não pode ser combatido por procuração. A doutrina da Reparação foi inventada para tornar menos terrível esta verdade: o derradeiro inimigo interior, contra o qual não se pode recorrer à ajuda externa. Todos os santos e mestres religiosos fizeram do reconhecimento dete inimigo derradeiro o fundamento de suas doutrinas. Muitos grandes mestres espirituais deixaram relatos de suas "lutas em busca da luz". As características da luta são muitas vezes iguais às caractarísticas de "um dia comum" descrito pelo Lobo da Estepe: fracasso, monotonia, embotamento dos sentidos, falta de senso de urgência que freqüentemente resultam, depois de longo esforço, em uma distensão súbita, em uma intensidade de emoção."
...
"...Então o Senhor me fez ver por que não havia ninguém na terra capaz de entender minha situação: era para que eu pudesse lhe dar toda a glória; pois todos são concluídos no pecado e encerrados na descrença como eu tinha sido, para que Jesus Cristo pudesse ter toda a preeminência..."
...
"E vi montanhas em chamas e os refugos, e os lugares e caminhos acidentados e tortuosos aplainados e endireitados para que o Senhor pudesse entrar em seu tabernáculo. Essas coisas podem ser encontradas no coração do homem..."
...
"E vi professores e padres e pessoas completamente à vontade neste estado que me afligia, e eles apreciavam aquilo de que eu gostaria de me ver livre... suas mentes são escravas. E eles são inseguros e instáveis, e jogados de lá para cá ao sabor de vãs doutrinas e opiniões..."

(trechos retirados do livro " O Outsider", pgs. 210-214)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Salário de trabalhador: Contra-cheque ou contra-choque?

Em tonalidades irônicas, e na condição de outsider, ou seja, como alguém que vê a situação de fora, aflijo-me com a situação complexa, para não dizer precária na qual encontra-se a sociedade tupiniquim.

É lamentável um país com tanta riqueza natural e cultural, mas cujos habitantes vivem à mercê de uma política truculenta, um sistema engajado em tornar o povo alienado, mal instruído, enganado por propostas meticulosamente mentirosas, e uma pseudo-democracia já falida há muito...

Infelizmente, muitos brasileiros apreciam o "anti-herói", o político falastrão que vive contando fábulas enquanto o povo fica a dançar nas praças. Pura inversão de valores, o povo torcendo para o malicioso se dar bem! É o mesmo quando a torcida destina-se para que frajola devore o piu-piu; é o mesmo quando se aplaude a gangue de velozes e furiosos escapando da polícia e se dando bem, como "malandros agulha"!  

A situação assemelha-se a alienação contida no livro 1984, de George Orwell, em que a novilíngua, o ministério da verdade, são responsáveis pela distorção de informações.

Tenho saudades dos tempos da série "Anjos da Lei", que conscientizava jovens a suprimir ou amenizar o processo de alienação da juventude, combatendo a criminalidade eficientemente, isto é, cortando o mal na raiz!

Mas no contexto atual, o que resta é um partido político cujos candidatos são pessoas sem credenciais para a função política (andarilhos, palhaços, pedintes, sindicalistas, etc), que inescrupulosamente seus eleitores de "idiotas", pois este termo, cunhado na Antiga Grécia, referia-se àqueles que não participavam da "polis", mas preferiam o conforto da família à formação de ideais políticos visando a justiça social.

Me pergunto, "que país é este"? E inevitavelmente a resposta vem à tona: "...o Brasil é o país do futuro"...

Que o pronunciamento corajoso da professora Amanda Gurgel, do RN, não seja apenas uma voz perdida no deserto, mas a fagulha inicial expressando a indignação para com uma mentalidade política que precisa urgentemente ser rejeitada e extirpada da cartilha dos orçamentos públicos.


quinta-feira, 26 de maio de 2011

Simple Man


E a terça se foi, a quarta também. O tempo não volta atrás, deixa apenas o rastro na memória, fragmentado, cravado no recôndito das lembranças.

Deixo aqui a letra de uma canção que nos leva a rememorizar o elo com o Criador, a essência da inocência, que, uma vez perdida, faz com que a razão deslumbre um "lamentável mundo novo".


 

Homem Simples

Mamãe me disse quando eu era jovem
Venha sentar-se ao meu lado, meu único filho,
E escute com atenção o que eu digo.
E se você fizer isto irá lhe ajudar em algum belo dia.

Aproveite seu tempo... não viva tão rápido,
Dificuldades virão e passarão.
Vá encontre uma mulher e encontrará amor,
E não esqueça filho, Há alguém lá em cima. (Deus)

E seja um tipo simples de homem. (Refrao)
Seja algo que você ame e entenda.
Seja um tipo simples de homem.
Você não quer fazer isso por mim filho,
Se você puder?

Esqueça seu desejo pelo ouro do homem rico
Tudo aquilo que você precisa está em sua alma,
E você pode fazer isto se você tentar.
Tudo aquilo que eu quero para você meu filho,
É estar satisfeito.

E seja um tipo simples de homem. (Refrao)
Seja algo que você ame e entenda.
Seja um tipo simples de homem.
Você não quer fazer isso por mim filho,
Se você puder?

Menino, não se preocupe... você se achará.
Siga seu coração e nada mais.
E você pode fazer isto se você tentar.
Tudo que eu quero para você meu filho,
É estar satisfeito.

E seja um tipo simples de homem. (Refrao)
Seja algo que você ame e entenda.
Seja um tipo simples de homem.
Você não quer fazer isso por mim filho,
Se você puder?

E seja um tipo simples de homem.
Seja algo que você ame e entenda.
Seja um tipo simples de homem.
 

Simple Man (1973)Lynyrd Skynyrd (Composição : Gary Rossington / Ronnie VanZant)